A história do cânhamo: há dez mil anos atrás?

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Sabe quem já existia na civilização humana há dez mil anos atrás? Não, nós não estamos falando de Raul Seixas e sim de cânhamo – uma variação da cannabis com concentrações baixas de tetra-hidrocanabinol (THC), composto psicoativo da planta. 

 

O cânhamo tem uma história de serviços prestados à humanidade e permeia nossos feitos de muitas formas, da medicina aos cultos religiosos, do papel à indústria naval.

 

Na China pós-neolítica – período de transição dos homens da vida de caça e coleta nômade para o sedentarismo agrícola – os habitantes utilizavam o cânhamo para fabricar produtos como cordas, tecidos e papel. Os chineses foram também os primeiros a cultivar o cânhamo e usar a planta para fins medicinais. A história mostra que eles aproveitavam as raízes para curar coágulos sanguíneos e infecções. O restante das partes da planta era aplicado para evitar perda de cabelo e dores de estômago.

 

Sabe-se também que os Citas, um povo antigo que vivia na região onde hoje é o Irã, deixavam cânhamo nos túmulos dos mortos como um tributo. 

 

As cordas feitas de cânhamo estavam também nos barcos da Grécia por volta do ano 200 a.C.. Estas mesmas cordas passaram a ser importadas pela Inglaterra em aproximadamente 100 d.C. através dos romanos. Séculos depois, em 800 d.C., na Grã-Bretanha do século XVI, Henrique VIII disse aos agricultores que plantassem cânhamo em grandes quantidades para oferecer materiais para a frota naval do país.

 

Na Espanha, o cânhamo ocupou um lugar importante entre os cultivos tradicionais da Península Ibérica e perdurou por vários séculos, difundido pelos árabes há mais de 1000 anos. Durante o ano de 1150, os muçulmanos construíram os primeiros moinhos de fiação de cânhamo na cidade de Játiva, província de Alicante. Tempos depois foram construídos outros em Valencia e Toledo.

 

Nas Américas, o cânhamo aportou junto com as caravelas de Cristóvão Colombo. Elas transportavam 80 toneladas de cânhamo, entre cordas, redes, velas e outros utensílios navais.

 

História do cânhamo no Brasil

No Brasil, a própria coroa portuguesa estimulou o cultivo da planta no século XVIII. O Império português buscava alternativas para a confecção de tecidos, velas e cordoarias e, em um primeiro momento, incentivou que empreendimentos particulares se dedicassem ao cultivo e a manufatura do cânhamo. O primeiro projeto foi implantado na ilha de Santa Catarina quando o governador Gomes Freire de Andrade recebeu, em 1747, sementes da planta para distribuir entre a população açoriana recém-chegada. 

 

Em 1783, Portugal instalou no Brasil as Reais Feitorias do Linho Cânhamo, no Rio Grande do Sul, um dos projetos com objetivo de fortalecer economicamente sua maior colônia, que funcionavam como uma “estatal portuguesa”, contando com grande número de escravos africanos, e produziam linho-cânhamo para atender às demandas destas fibras.

Contudo, o cultivo do cânhamo nunca ganhou grande destaque na economia brasileira, perdendo espaço para outras culturas, como a cana-de-açúcar, e a pecuária.

Mas se o cânhamo faz parte da história humana, trazendo sempre benefícios, por que seu cultivo foi proibido em grande parte do planeta?

 

História do cânhamo: começo da proibição

Tudo começou nos anos 1920, quando foi instituída nos Estados Unidos a Lei Seca, que proibia a produção e comercialização de bebidas alcoólicas. A cannabis, que até então era restrita a minorias mexicanas, entrou na vida de muita gente como alternativa recreativa. O problema é que o chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição, Henry Aslinger, tornou a guerra contra as drogas quase uma missão pessoal. E se aproveitou de boatos de que a cannabis induzia à promiscuidade e ao crime para dar início à perseguição da erva. 

Depois que o álcool voltou a ser permitido, em 1930, o governo criou o Federal Bureau of Narcóticos (Departamento Federal de Narcóticos), para combater o uso de cocaína e ópio. Aslinger se tornou chefe do FBN e incluiu a cannabis na lista de substâncias proibidas.

 

No mesmo período, houve a invenção do náilon, a disseminação dos plásticos e uma tendência geral de afastamento de todas as coisas naturais. A indústria do petróleo ganhava força e o cânhamo era um concorrente direto aos seus produtos.

Com a pressão política dos Estados Unidos, somada ao lobby da indústria do petróleo, o cânhamo foi incluído na proibição do cultivo de qualquer planta da família Cannabis. Essa visão se espalhou globalmente e, desde então, tem havido um estigma associado ao cultivo do cânhamo.

 

Onda de descriminalização

Na última década esse cenário começou a mudar. As incontestáveis evidências científicas dos benefícios terapêuticos da cannabis foram a força motriz para que muitos países revissem suas legislações e, atualmente, mais de 50 nações permitem o uso medicinal na planta.

 

O uso recreativo também começa a deixar de ser tabu e é permitido em países como Uruguai, México e alguns estados dos Estados Unidos. A indústria da cannabis sofreu um hiato impulsionado pelo preconceito, mas é tempo de reescrever a história do cânhamo devolver seu lugar de direito nesta narrativa: uma planta aliada da humanidade.

Para saber mais sobre a história da cannabis confira nosso artigo: Qual foi a primeira civilização a usar cannabis? | Histórico de uso da planta

http://thegreenhub.com.br/2021/08/18/a-primeira-civilizacao-a-usar-cannabis/

 

 

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