Cresce, cada vez mais, a busca por matérias que tenham menor impacto para o meio ambiente. Já possuímos algumas alternativas para reduzir os danos ambientais, mas reinventar uma indústria não é tão fácil quanto parece. Uma dessas alternativas é o cânhamo, variedade da cannabis sativa. No entanto, aqui no Brasil, seu cultivo segue a mesma legislação de outras espécies de cannabis – mesmo que a quantidade de THC seja inferior a 0,3%, um índice insignificante para o consumo adulto – e não é legalizado.
Motivos para investir no cânhamo não faltam. A planta tem um crescimento rápido e baixo custo para produzir. Seu cultivo é um dos mais diversamente aplicados e sustentáveis do mundo. Além disso, o Brasil possui enorme potencial agrícola e condições climáticas favoráveis para tornar o país um grande exportador da matéria.
Nos mercados onde ocorreu a legalização do cultivo e comercialização de produtos derivados da cannabis, houve clara atração de novos investidores. Segundo artigo escrito por Marcelo Grecco, fundador e diretor de negócios da Tha Green Hub, e publicado na Istoé, esse movimento é inevitável.
“O potencial inexplorado do cânhamo abre grandes oportunidades multissetoriais em todo o mundo, com o uso medicinal do CDB quebrando barreiras junto aos não consumidores de cannabis.”
Trecho retirado de artigo do Marcelo Grecco publicado na Revista Istoé
Os dados não negam a crescente economia da indústria entorno do cânhamo, principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Os números mostram que o setor faturou US$ 4,58 bilhões em 2019. No ano anterior, US$ 3,74 bilhões, segundo New Frontier Data.
A versatilidade da planta é outro ponto atrativo para investidores. Sua semente, caule e folha podem ser aproveitados e transformados em matéria-prima para diversos setores: construção civil, alimentício, vestuário, biocombustível, pet, cosmético, entre tantos outros. Tudo é aproveitado e se transforma em cerca de 25 mil produtos de diversas indústrias.
A Levi’s Strauss é uma das empresas que começa a se preocupar com a sustentabilidade, incorporando o cânhamo em seu catálogo de materiais, anunciou o lançamento de roupas produzidas com 30% da planta. O objetivo da empresa é chegar a uma peça que consiga substituir totalmente o algodão em, no máximo, cinco anos.
A conhecida marca de roupas oferecerá jeans feitos com 30% de cânhamo e 70% de algodão, graças a uma tecnologia inovadora que eles desenvolveram, capaz de tornar o cânhamo muito macio. Normalmente, a textura dele é mais firma e resistente que o algodão, mas a Levi’s encontrou uma solução após anos de pesquisa para fazer essa troca em prol da sustentabilidade – o cânhamo consome um décimo da água e é mais resistente ao sol que o algodão.