De questões econômicas a ambientais, o Brasil tem muito mais que quatro motivos para cultivar o cânhamo, mas neste post não listaremos todos, porque a gente quer que você chegue no final do texto (e lá descubra também a única razão do País para NÃO cultivar).
Porém, antes de começar nossa lista, daremos um passo atrás e explicar, brevemente, para quem não sabe um pouco sobre esta planta. O cânhamo é um dos subtipos da cannabis e possui índice de tetrahidrocanabinol (THC) inferior a 0,3%, o que significa que não possibilita nenhum efeito psicoativo, e não interessa ao uso adulto.
Sem mais delongas, vamos à lista:
1 – Oportunidades econômicas do cultivo do cânhamo
A exemplo do que ocorre com outros subtipos da cannabis, vários países já possuem grandes indústrias desenvolvidas em torno do cânhamo. E esta planta pode ser usada na produção de uma variedade de produtos, como, por exemplo:
- papel,
- tecido,
- alimentos,
- combustível,
- plástico,
- cremes dermatológicos.
Há possibilidade de utilização, até mesmo, na construção civil. As fibras da planta do cânhamo, junto com calcário em pó e água, criam um concreto que oferece uma alternativa mais sustentável, podendo ser usado para isolamento e como drywall, entre outras formas de aplicação.
No total, são mais de 25 mil possibilidades de aplicações industriais, o que significa um novo mercado com diferentes oportunidades econômicas.
Um estudo da New Frontier Data, desenvolvido em parceria com a The Green Hub, aponta que, apenas nos Estados Unidos, as vendas totais de cânhamo para a indústria movimentaram US$ 1,1 bilhão, em 2018, e a estimativa é chegar a US$ 2,61 bilhões até 2022.
2 – Solo fértil
Em 1500, Pero Vaz de Caminha já dizia: “no Brasil, em se plantando, tudo dá!”
E o cânhamo dá também! Com terra e clima propícios, o País tem potencial de cultivo de cannabis com o menor custo internacional e pode competir com a cannabis colombiana, por exemplo. Produzida sob controle do governo, o custo de produção na Colômbia é de US$ 0,80 por grama – um quinto do que é cobrado no Canadá.
O agronegócio já tem destaque na economia brasileira, e no cânhamo encontramos solo fértil para o crescimento deste setor.
3 – Valor Nutricional
O cânhamo pode se tornar o melhor superalimento do mundo.
Suas sementes fornecem até 75% mais proteína do que uma quantidade semelhante de sementes de linhaça ou chia e, ainda, contêm todos os 20 aminoácidos conhecidos, sendo nove deles essenciais para o funcionamento do organismo humano.
Essas sementes contém ácidos graxos saudáveis, incluindo ômega-3 e ômega-6. Também são ricas em fibras, ferro, fósforo, potássio, cálcio, zinco, vitamina E e magnésio – basicamente tudo que uma pessoa precisa para uma refeição ou lanche nutritivo.
Imagina se o cultivo de cânhamo fosse uma realidade, e pudéssemos nos beneficiar com todos estes nutrientes.
4 – Sustentabilidade
Um crescente corpo de evidências sugere que as raízes do cânhamo podem remover toxinas do solo e da água, melhor do que praticamente qualquer outra planta.
A indústria da moda já abraça o cânhamo como matéria-prima bem mais sustentável e, ainda, cinco vezes mais resistente que o algodão.
A transformação do algodão em roupa gera alto impacto para a natureza porque é o cultivo com maior demanda por defensivos agrícolas. Em torno de 24% de todos os inseticidas e 11% de todos os pesticidas são utilizados na produção do algodão. Para se fabricar uma camiseta, por exemplo, são consumidos mais de 2,7 mil litros de água.
Também é preciso levar em conta que a cultura do cânhamo produz muito mais por área plantada do que a do algodão e a do eucalipto, por exemplo, que também tem suas fibras empregadas na confecção de vestuário.
O cânhamo cresce muito rapidamente e absorve mais CO2 por hectare do que qualquer outra cultura conhecida. São 63 toneladas de CO2 sequestrados da atmosfera para cada tonelada de planta. Em volume de árvores, seria preciso 2,860 delas totalmente crescidas para fazer esse mesmo serviço, o que levaria um bom tempo.
Então, por que não cultivar cânhamo no Brasil?
O impedimento para o cultivo do cânhamo aqui no Brasil é apenas um: a legislação. Atualmente não temos regulamentação que separe a espécie de cannabis que possui efeitos psicoativos, daquela com baixo teor de THC. Como vimos nesta lista, o cânhamo, que não interessa ao uso adulto, poderia oportunizar progressos em diversas áreas da economia.
O caminho também é apenas um: disseminar informação para acabar com o preconceito!
Se você se interessou pelo assunto e quer saber um pouco mais, leia este artigo do Marcelo De Vita Grecco sobre a liberação do cultivo do cânhamo no Brasil.